Saturday, September 09, 2006

Quero nunca ter de dizer adeus...

Não consegui encontrar as palavras. A realidade continuou e eu fiquei parado à espera de ti, da tua acção.
Não sei como dizer adeus, perdi-me nas emoções e recordações que trazes, tornando este momento ainda mais implacável.
Não consigo acreditar que chegou ao fim, não fui capaz de adiar o inevitável, de trancar a porta do tempo, de fugir da verdade que é ter de te dizer adeus.
Não sei como dizer, mas tento. Porque sei que quero dizer mais, mas não consigo. As palavras são poucas e o seu significado é menor do que aquilo que, na verdade, quero dizer.
Não consigo encontrar a palavra certa, a expressão exacta que defina o que está a acontecer. Não consegui dizer que te acho bem bonita. Que gosto de ti, que sempre gostei.

Não sei como dizer nunca mais. Porque é difícil compreender o que é real, quando tudo parece errado. Porque sinto que nos voltaremos a encontrar, que os nossos caminhos estão entrelaçados.
Não gosto de despedidas. Dizer adeus é uma arte que deveria ser ensinada nas escolas; para estas situações, por exemplo. Mas também não tenho de dizer adeus, pois não? Creio que um até logo também serve... Mas mesmo assim, não sei como o hei-de dizer, por isso, aqui estou, a escrever... para não ter que te dizer adeus... nunca.

"Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti"

Alexandre O'Neil, Um Adeus Português



1 comment:

Anonymous said...

não existe a despedida fácil. há até aquela em que ainda estamos com a pessoa nos braços e já sentimos o cheiro da sua ausência. tenho para mim que o melhor método é o "penso rápido": puxa-se depressa, despacha-se a coisa e vamos à nossa vida. dói, mas só dói de uma maneira. e às vezes passa mais depressa do que julgávamos.
a pior de todas é a que não é assumida. essa fica a doer para sempre, como uma doença crónica que dura e dura...
P.