Friday, July 06, 2007

regresso ao passado

Perguntam-me porque o faço, porque trabalho por tão pouco, porque abdico de noitadas e copos e cafés e cinema, porque me afasto dos amigos que me custam tanto manter e com quem gosto de dizer porcarias e ter conversas psedo filosóficas ou de, pura e simplesmente, ter tempo para relaxar.
A resposta era sempre algo nublada, distorcida mesmo, não posso, porém, deixar de dizer que havia um gosto que superava a quantia monetária que me esperava. Pensava também que o fazia porque era diferente, inovador, que fazia de mim uma melhor pessoa. Mas olhando para trás consigo entender o que a solução era muito mais simples. Ontem desvendei-a ou se calhar já a sabia mas só ontem se mostrou de forma clara. O que me faz abdicar, o que me leva a fazer o que poucos querem fazer. Por fim, descobri. A resposta era mais simples do que parecia, só que eu tinha o sol na cabeça e os pés cheios de areia e não a conseguia vislumbrar.
É o tornar-me um deles, ter outra vez doze, treze, catorze anos. É voltar a ter um riso solto, livre, mas acima de tudo, é voltar a ser inocente. Pensar que as minhas decisões mais complicadas são a escolha entre futebol e deveres. Ou que o meu maior medo é a voz esganiçada da professora que berra comigo por tudo e por nada. E agora, pelo menos por uma semana, não olho para trás, mas revejo-me neles. Sinto-me mais vivo e o riso soltou-se outra vez, duma maneira que alguns chamariam infantil. Isto dá-me mais anos de vida, fico feliz e consigo recordar que há não tanto tempo atrás fui como eles: totalmente feliz, por mais do que pequenos segundos. É adorar sem receios. É não ter medo de gostar de alguém. É não se inquietar sobre o futuro, perspectivar felicidade desmesurada. Alguns conseguem ser ainda melhores. Preocupam-se sem ter interesse, ajudam por saber que isso é correcto e dão uma mão ou um ombro a quem necessita.
Isto tudo para dizer que gostei e gosto muito de vocês. Obrigado putos!!