Sunday, May 20, 2007

a preze

Porque esta é só mais uma história de alguém que queria voar, mas que nunca aprendeu como. Por isso escondi as asas, por baixo de folhas de preconceito e de desprezo. Montei a fachada. Acabou por se colar à cara, sem nunca mais a ter conseguído tirar. Tu olhas e dizes "é triste...". Não discordo.
Normalmente é assim quando se toma consciência ou quando acaba a inconsciência duma certa idade da vida. Já me disseram que sou uma alma velha. Não posso deixar de afirmar que estavas errado. Sou um puto, não passo disso. Chateio-me. Embirro. Amuo. Faço trinta por uma linha para conseguir atingir aquilo a que me proponho.
Às vezes, nos dias menos maus, sinto o sol. Bate-me na carapaça que criei para me defender do que dizem e do que é. Afastei-me totalmente do real. Faço filmes de cabeça. Crio lendas e mitos. E não sou aquele que cria ser. Nem aquele que desejava, mas isso tornou-se banal. Abandonar o ringue mesmo antes de lutar. As luvas, essas, ainda as tenho nas mãos. Já se mexem sozinhas, prevendo o próximo golpe e encontrando adversário seguinte. Eu.
Por mim, acabou, não quero mais nada. Mas não hesito em deixar-te uma só pergunta: se tivesses uma oportunidade para mudar uma coisa e uma apenas, o que farias?