Saturday, October 28, 2006

Lixo

A partir de hoje, vou falar por mim. Vou deixar de ter receio de dizer o que acho, mesmo que isso possa estar (ou parecer) extraordinariamente incorrecto para os outros. Defender a minha opinião, aquilo em que acredito, ser honesto com os outros, mas acima de tudo para comigo.

Eu sei que digo muita coisa errada, porém, de tempos a tempos deparo-me com uma ideia peregrina e não consigo ser cínico e ficar calado. Às vezes, isso é bom, porque nos faz pensar onde erramos e o que podemos alterar.
Por falar em coisas erradas, hoje vi as notícias. Acho que somos o único país onde os criminosos são gabados, os jovens delinquentes são defendidos sem terem razão nenhuma para se poderem queixar e os jovens alunos cospem e batem nos professores. Como se isso não fosse suficiente, somos, em todo o lado, bombardeados por informação, muita dela falsa, descontextualizada e cujo nexo é nulo. Não querendo ser mau para ninguém, mas a verdade é que as nossas televisões não passam de “questionadores ignorantes”, de um verdadeiro caixotinho de lixo, cujo diletantismo está patente em todas as suas vertentes e cujo propósito prático está longe de ser o esperado.
Sei que muitos não concordam com esta ideia. Não me interessa. Sou senhor de pensar o que quiser e de criticar (desde que fundamentado) qualquer coisa.

PS: Sim, porque afinal estou nessa idade!

Friday, October 20, 2006

vens ou ficas?

Em certas ocasiões, escolher é uma coisa tão fácil; dizer se preferimos o azul ou o verde, decidir entre carne ou peixe, ou ser ainda mais diferente e optar por ser vegetariano. No entanto, nenhuma destas escolhas nos perturba, não nos tira o sono, não nos cria aquele aperto no estômago, (ou, para os mais românticos, no coração) que nos faz sentir impotentes quando temos de fazer certas decisões que irão afectar a nossa passagem/passeio/deambulação, por este lugar que chamamos Terra.
As questões difíceis são aquelas que surgem do meio do nada, quando não temos problemas à vista, quando está tudo óptimo e que, quando aparecem, são lixadas. É aquela pergunta que nunca tivemos coragem de responder, que subconscientemente fomos esquecendo e que, na verdade, nos dava muito jeito que continuasse sem resposta. Porque sabemos que temos de dizer alguma coisa. Porque estas respostas são capazes de deitar muros a baixo, destruir fortalezas, conquistar multidões.
Não estou a dizer que as coisas estão erradas, que fugir é uma má solução. Porque no fundo é uma solução. Simplesmente não "a solução".

E no fim, olhamos para caminho percorrido e aí sobra-nos o silêncio e o saudosismo.
Por isso, podemos ir para onde quisermos, só temos mesmo é de escolher.

Sunday, October 15, 2006

baloiça enquanto podes...

Para onde é que corremos?
E já agora, porque fazemos da vida uma corrida, se ninguém quer chegar ao fim em primeiro? Quer dizer, eu não quero chegar ao fim em primeiro, porventura haverá aqueles que a querem terminar o mais depressa possível e os outros querem simplesmente fazê-la, sem propósito definido, sem percurso ou objectivos.
Mas quem sou eu para dizer isto? Se calhar estou a alucinar. A vida não é uma corrida; é mais um passeio ou uma viagem de comboio, ou pelo menos deve ser assim encarada. De forma calma, observar a paisagem e a maneira como esta se transforma com o passar do tempo. Contemplar os baloiços que outrora foram nossos e que baloiçavam de tal maneira que pensávamos que poderíamos tocar no céu, se balançássemos só com um pouco mais de força. Olhar para trás e notar quão ingénuos eramos, que nunca pensámos em como seria o futuro, pelo menos em termos realistas.

Mas o que sabe um puto de tudo isto?

Sunday, October 08, 2006

Conversas


Coisas pequeninas. Um sorriso. Uma palavra de conforto. Um acto inconsciente que naquele momento até arrancou algumas gargalhadas. Uma piada que não tem nada a ver mas que cai tão bem.
Coisas simples da vida. Estar com quem nos faz rir, mesmo que seja de nós próprios. Partilhar um copo com quem nos serve com um sorriso na cara. Dançar sem se importar, só mesmo por dançar. Ver o mundo e aceitá-lo como é. Dizer que somos felizes e que temos sorte, porque vivemos aqui e que afinal isso não é assim tão mau, que podia ser pior. Sentar-se, olhar para o céu e sorrir, porque depois de tudo o que se passou ainda estamos aqui.
E depois de tudo isto perceber que são essas as coisas, que classificamos de pequenas, simples, comuns, que nos fazem viver e acreditar. Que nos fazem sonhar.


"And all I wanted was the simple things, a simple kind of life "
No Doubt, Simple Kind Of Life

Friday, October 06, 2006

Porque de Sophia de Mello Breyner Andresen

"Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não."


...e acrescento eu:

Porque hoje quis escrever,
Mas o sol não brilhou.
Porque hoje quis saltar,
Mas alguém me acorrentou.

Porque hoje quis ser encontrado,
Mas nunca ninguém me procurou.
Porque hoje quis sorrir,
Mas algo... tudo mudou...