Friday, April 23, 2010

continuo a ser a mesma criança mimada

Quero voltar a aproveitar um pôr do sol laranja. Pisar a areia húmida e pensar noutra coisa que não o trânsito, as notícias e as gotas de chuva que batem na minha janela. E os livros e os trabalhos.

E quero tanta coisa... mas o que eu queria mesmo era ver as coisas novamente pela primeira vez. Experimentar o medo e o espanto. Apagar o quadro e reescrever a história. Quem me dera ter amnésia...





Não haverá, por acaso, aí alguém que me queira bater com um taco para ver se resulta?

Sunday, April 11, 2010

one frozen second that could change the world

Por vezes nem sabemos o que nos espera. Outras sabemos e mesmo assim conseguimos espantar-nos com o resultado. E é normal, pois por muito que queiramos dizer que controlamos a nossa vida rendemo-nos, várias vezes, à evidência que não somos apenas nós quem define o nosso rumo. Apesar de precisarmos de acreditar que sim.
Por isso, abandonamos as ideias de fragilidade e fado. Forçamo-nos a ver que em todos os momentos poderíamos ter optado por uma escolha diferente, alterando o resultado e, consequentemente, o nosso trajecto.

Quando chegamos a este ponto começamos a notar quais os momentos-chave e efectuamos a nossa "mortificação psicológica". Por outras palavras, escolhemos um instante fulcral, paramo-lo no tempo e repetimo-lo vezes sem conta, imaginando os milhões de respostas que podíamos (e gostaríamos de) ter dado, que podiam ter mudado o curso da nossa história.
Os que gostam de se auto-flagelar, guardam essas memórias por anos, deixando que esse segundo se espraie infinitamente, enquanto a vista se lhes tolda, o cansaço toma conta do corpo e as recordações os deixam velhos e gastos. Outros relembram esse momento com carinho e serenidade. Revisitam tudo o que antecedeu. Notam que cresceram com isso. E são capazes de olhar para o futuro e deixar o passado ser isso mesmo.

Eu, que sei que não consigo controlar o que se passa, deixo que esse segundo se cristalize no tempo. Agarro-o, contemplo-o e depois, tão depressa como passou, liberto-o. Solto-me dessa recordação e desse instante e consigo vislumbrar o futuro.

Hoje, que a cidade já dorme, penso novamente nas histórias que ela me podia contar e sei que uma delas tem de ser a minha. Um sorriso inesperado solta-se e eu vou à sua procura.