Monday, August 28, 2006

Not for sale

Mudámos. Não, isto está errado. Alguns mudaram, outros ficaram na mesma.
Uns debatem-se com a dura incerteza da realidade, enquanto outros ficaram no seu mundo de cristal, onde tudo é perfeito, onde em troca de tudo o que são podem ter tudo o que querem, onde as pessoas são felizes mas falsas. É a vida das revistas cor-de-rosa, do "olha para mim, estou aqui!", das festas organizadas pelos pretensos VIP. Alguns olham para elas com esperanças de, certo dia, serem os nomes deles a figurar numa página duma qualquer revista de crónica social. Outros ainda, riem-se dos seus títulos pseudo escandalosos e de notícias cuja existência, em si, é u
ma anedota.
Estas revistas criam e vendem um estilo de vida, uma fantasia, a pessoas que estão tão empenhadas em sonhar com algo melhor, que, por vezes, esquecem-se de pensar no que tiveram de fazer aqueles (outrora) zé-ninguéns para serem capa de revista.
Sim, a realidade é dura, ninguém tem dúvidas disso, nada se compara à ficção. Possivelmente é por isso que escrevo isto, para me abstrair de tudo. Por isso, talvez isto seja só um sonho, quiçá eu nunca tenha
escrito isto, mas, pelo menos, sei que não me vendi.



"Hollywood is a place where they'll pay you 50,000 dollars for a kiss and 50 cents for your soul."

by Marilyn Monroe

Saturday, August 26, 2006

Só porque é Verão

"Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar."

Miguel Esteves Cardoso in Expresso


Ps: Quem me dera escrever assim...

Friday, August 18, 2006

Horas mortas

Sabem quando chegam a casa àquela hora entre as 5 e as 7 da manhã e vocês estão cheios de vitalidade porque conheceram uma rapariga engraçada ou porque, pura e simplesmente, a dose de cafeína foi demasiado elevada? Exactamente, as horas das televendas. Aquela coisa fantástica que antecede o Goucha e a Fátima, que eu tanto adoro! Bem, numa dessas intermináveis insónias deparei-me com isto. Quando todos achávamos que nada podia piorar a ideia do americano morbidamente obeso, aparece o Table Mate! Cuidado que isto vai fazer furor em Portugal! Até já estou a imaginar a Dona Alzira a telefonar para a roda da sorte, enquanto está a tomar o seu chá para o fígado e o seu pão(zinho) integral com um bocadinho de Becel (“que essa não faz mal ao coração…”), na sua Table Mate para não se cansar muito. Mas que alegria ver os velhinhos contentes!
Entretanto, nos E.U.A., as criancinhas vão conseguir ganhar peso ainda com mais facilidade, os pais já não vão caber nos sofás e toda a gente vai ser feliz!
Falando um pouco mais a sério, acredito que seja (de alguma maneira) prático e confortável (dentro do possível), mas é o mesmo que pôr um bêbado a fazer um anúncio a uma bebida. É óbvio que ele gosta, até podia ser diluente que ele bebia na mesma e dizia que tinha gostado.
Isto tudo para dizer que já gastei tempo e espaço.

Abraços

Wednesday, August 16, 2006

Lisbon (Re) Revisited

Parece que rebentou uma bomba na cidade e os únicos sobreviventes são os velhotes e os turistas. Lisboa está deserta. O que mais me espanta é que não consigo descobrir um (único) portuguesinho/a que ande a visitar a cidade, a conhecer um pouco melhor a sua história, o porquê de aquele lugar estranho ter determinado nome. Não interessa, não é? Pensamos que temos sempre tempo e deixamos para último o que nos é mais próximo.
O português (o típico, claro!) prefere passar um dia na praia da Costa da Caparica. Sim, essa praia com um vento que parece a irmã mais velha do Katrina, com uma água adequada para pinguins e com tão poucas pessoas, tão desconhecida que é preciso andar à pancada para arranjar um lugar só para pôr o chapéu (sim, porque para estender a toalha é preciso trazer uma arma e, se possível, o rottweiler). Por amor da entidade em que acreditam, se é que acreditam em alguma, façam alguma coisa sem ser trabalhar para o bronze.
Se ficam em Lisboa, aproveitem, visitem a cidade. Deixem o carro em casa, porque afinal o País está em crise, o fumo faz mal ao ambiente e a viatura também precisa dumas férias. Entretanto, conheçam a cidade, visitem os museus, o Castelo de S. Jorge (grátis para os residentes na cidade de Lisboa) ou façam um passeio pela parte velha da cidade. Qualquer coisa. Mas, como diz alguém que conheço, cultivem-se, minha gente!
Abraços



"Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui... "

Lisbon Revisited, Fernando Pessoa

Friday, August 04, 2006

Os corpos quentes e suados passeiam-se nesta movimentada avenida. Tanto de dia como de noite a quantidade de roupa é mínima. Sente-se bater vibrante do mar. A areia que se enterra suavemente debaixo dos pés. O sol, fonte de vida, torna-se mais que isso, é a desculpa para se tirar a roupa, para se mostrar o que não se mostraria em nenhum outro momento, para fugir do quotidiano e mergulhar numa vida stress free. Sentimento de verão, liberdade total.
As estrangeiras pavoneiam-se. Roupa reduzida ao indispensável, ou seja, mini saia e um top arrojado, se possível transparente. Fio dental opcional. O turismo sexual abunda nesta altura do ano, desde o conhecidíssimo Zézé aos betinhos que desfilam, com os seus sapatos de marca e esperança vã de dar uma trancada a uma bifa. Ridículo. Por aqui a vida é assim: superficial, ordinária. E assim, enquanto observo uma menina bem bonita, despeço-me.


"A nossa juventude é uma desgraca! Só tenho pena de eu andar sozinho neste jogo do engate aqui no Algarve! A juventude hoje em dia só pensa em drogas e em futebol! Tenho pena de não deixar nenhum sucessor!" by Zézé Camarinha