Saturday, September 30, 2006

Deitar as coisas fora... talvez mudar

Talvez despejar os maus hábitos, aquela postura postiça ou a atitude positivista que, na verdade, não leva a lado nenhum. Sei que a reciclagem está muito em voga, hoje em dia, mas há coisas que têm de ir para o lixo.
É tão fácil deitar uma coisa fora, mas quando nos toca a nós parece sempre demasiado difcil. Quanto mais tempo passa, menor é a nossa capacidade para abdicar de coisas que tínhamos por certas. Esta é possivelmente a minha maior falha: a minha incapacidade de mudar.
No entanto, apercebi-me que não sou o único. Ficar parado, enquanto tudo à nossa volta muda (ou aparenta mudar), é estranhamente confortável, porque pelo menos a sensação é familiar.

Porque se tentarmos mudar, se fizermos algo que ninguém está à espera, dermos o passo em falso, quem sabe o que pode acontecer? Será que temos mais medo do mal desconhecido, em oposição daqueles que podem ser piores, mas que já conhecemos? Por isso, maior parte das vezes, afastamo-nos do caminho insondado e percorremos a estrada mais sinuosa mas já explorada. E não acontece nada que seja estranho e não parece assim tão mau. Afinal não estamos a fazer mal a ninguém... talvez a nós, um pouco.

Mas há uma altura em que mudamos, e quando isso acontece não é como nos filmes, não passamos a ser uma personna totalmente distinta, nem acontece dum momento para o outro. São as coisas pequeninas, aquelas em que ninguém repara, a não sermos nós. Mas nós notamos que algo aconteceu e isso faz toda a diferença.

1 comment:

Anonymous said...

Às vezes é um gesto. Uma mão no ombro que já não nos apetece. Uma conversa que costumava ser tudo e agora é como uma parede vazia por onde a alegria escorre. Há desamparo nesta constatação. Mas que outra coisa poderia sentir o viajante que se faz à estrada desconhecida?