Sento-me e vejo o mundo correr à minha volta. Nada é meu, nada do que se passa me é familiar.
Já não consigo pensar nisso.Lembro-me de ontem. Estava no centro de Lisboa, com os carros e o barulho, quando de repente a cidade se cala. Parecia o cenário de um filme western. Por um momento, consegui ouvir um pardal castanho, de bico curto e mordaz, a chilrear a sua cantoria, ouvi as águas que corriam nos canos, outrora novos e alegres, por baixo dos meus pés, escutei o estalar das pedras que se queixavam da passagem do tempo que levemente lhes retirava a forma e a alegria da cor e o vento com a sua melodia suave. E enquanto, pensava que até havia um certo traço de felicidade nesta serenidade inesperada, que eu sorvi tão bem, algo abalou este silêncio.
E é, por isso, que me sinto uma besta...
2 comments:
:) Não ias adivinhar...
Pensa que, tal como tu estavas a descrever tudo isso, a cada som ele estava a ver exactamente o que estavas a descrever...
Acontece.
Beijo
era impossível de prever. mas é difícil ignorar como algo tão ténue como o bater de uma bengala nos distrai de uma imagem que nos agarra naqueles breves segundos
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